Mas não posso deixar de dizer que meus heróis favoritos são os da DC Comics. Lembro da primeira HQ do Batman que li, se chamava “A Vingança de Bane”. Apesar de não ser bem sobre Batman, adorei a forma como a história foi contada e a violência que havia nela. Desde então o Bat-Universo passou a me chamar mais atenção. Junto ainda haviam os filmes do Tim Burton e Joel Schumacher (adorava quando pequeno), as animações com brinquedos e os games. Pra mim, sempre infinitamente melhores e à frente dos demais naquela época... e ainda é. Enfim, sou suspeito pra falar, amo Batman. Já o Superman eu nunca tive tanto contato, a não ser pela série Lois & Clark: As Aventuras de Superman, que eu adorava. Assim como pela animação e games, mas que não eram tão bons quanto as coisas do morcegão.
Mas uma coisa que sempre me incomodou um pouco é a idéia de duelos entre Batman e Superman. Ok, eu adoro o “Cavaleiro das Trevas” do Frank Miller (o primeiro, porque o segundo... meldels). Mas essa coisa de medir forças sempre foi algo absurdo, ao meu ver. Mas como comparações são inevitáveis, com a febre dos filmes baseados em HQs, era previsível que esse embate aconteceria. E não deu outra. Com extrema esperteza, a DC decidiu abrir seu universo cinematográfico de forma objetiva, colocando o tal duelo de titãs logo no segundo filme.
E assim o hype aconteceu, mesmo com a divulgação não tão boa de seus trailers duvidosos com os elementos do filme num contexto geral. Mas o marketing foi fortíssimo com toda essa febre nerd da atualidade, não tinha como dar errado. Foi basicamente juntar a fome com a vontade de comer. Então, sem muita expectativa e esperando por algumas coisas, assistí ao tão esperado Batman vs Superman: A Origem da Justiça (vou abreviar para BvS), do qual eu vou falar agora. “Para o alto e avante”... ops, fique com a crítica logo abaixo!
Sinopse: O confronto entre Superman e Zod em Metrópolis fez com que a população mundial se dividisse acerca da existência de extra-terrestres na Terra. Enquanto muitos consideram o Superman como um novo deus, há aqueles que consideram extremamente perigoso que haja um ser tão poderoso sem qualquer tipo de controle. Bruce Wayne é um dos que acreditam nesta segunda hipótese. Sob o manto de um Batman violento e obcecado, ele investiga o laboratório de Lex Luthor, que descobriu uma pedra verde que consegue eliminar e enfraquecer os filhos de Krypton.
Informações
País: EUA
Gênero: Ação, ficção científica
Direção: Zack Snyder
Produtores: Charles Roven, Deborah Snyder
Roteiro: Chris Terrio, David S. Goyer
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Jeremy Irons, Diane Lane, Gal Gadot, Laurence Fishburne, Holly Hunter
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
Duração: 151 minutos
Na introdução já deu pra perceber que eu sou fã de quadrinhos desde piá. E, obviamente, queremos que qualquer tipo de adaptação retrate bem sobre determinadas histórias. Basicamente, ser uma adaptação fiel. Mas uma coisa deve-se considerar: se for muito fiel o fator surpresa não existirá. Fora que perderá a oportunidade de oferecer um produto original. Apesar de ousado e até polêmico, fugir da fórmula tradicional das adaptações cinematográficas atuais é um possível fator tanto de amor quanto de ódio para o público no geral. E esse é o caso de BvS, em que o diretor Zack Snyder fez tudo corajosamente do seu modo, como vem fazendo insistentemente ao longo de sua carreira.
E falando em amor e ódio, o filme trata de um tema bem recorrente nos dias de hoje. É a necessidade que as pessoas têm de amar e odiar, escolher um lado cegamente, independente das razões e qualidades que o outro lado tem. E vemos isso de muitas formas, desde coisas mais sérias como PTistas vs Coxinhas, até coisas mais irrelevantes como #TeamCap vs #TeamStark. Acho que competições ou concorrências são coisas saudáveis. Mas hoje em dia a alienação das pessoas é tão bizarra que também é capaz de acabar em ataques pessoais e pancadaria. E o mais tenso é que, assim como os nossos super heróis, no fundo todos estamos no mesmo barco. Mas mesmo assim, cegamente, agredimos uns aos outros. Sei que pode soar exagerado, mas o atual momento é isso mesmo.
Uma das cenas mais lindas e sinistras ao mesmo tempo |
Sobre o filme, pelos trailers lançados fiquei meio frustrado e sem expectativas. Talvez isso tenha sido um fator positivo ao assistí-lo, já que fui sem muita sede ao pote. Achava que os trailers entregavam muita coisa que deveria ser surpresa, até mesmo algumas referências. E sabendo que se trata do Snyder, e pelo tempo de duração, achei que seria "mais do mesmo" do que já sabemos dos personagens. E de certa forma até foi. Mas surpreendentemente sua complexidade à beira da confusão se desenrolou com desfechos simples. Não acho que foram previsíveis, mas somando isso com a trama amarrada pode ter tornado a experiência meio cansativa para muitos. Foi como assistir um Watchmen (também do Snyder) numa versão mais épica da cultura pop. Nem tô dizendo que BvS seja uma adaptação quase perfeita como Watchmen foi pra mim, pois não é. Mas é o tipo de filme que não cai no gosto de uma grande massa.
Sua grandeza não vem da produção em si, apesar de todo o investimento. Watchmen não é uma produção que chama a atenção se você não for um fã de quadrinhos. BvS não é uma produção popular pelo seu estilo, mas sim pelo seus personagens e o marketing que esse tipo de filme tem hoje em dia. Ao contrário do que a Marvel fez com Deadpool. Muita gente nem sabia da existência dele até o anúncio do filme. E qualquer um sabe que Deadpool não tem a importância do Batman. Mas teve uma produção focada em atingir mais público pelo seu estilo irreverente. Assim como Guardiões da Galáxia e Homem-Formiga. Eu gosto desse tipo de produção do Snyder, nem tenho muito o que reclamar. Mas acho que se o foco da Warner / DC é atingir uma popularidade, é bom Snyder começar a ter idéias menos egoístas para as próximas produções.
Batman no melhor estilo Cavaleiro das Trevas |
A fotografia está muito bacana, e retrata muito bem o universo DC. É complicado adaptar o universo do Superman, assim como o herói em si. Superman é aquele legítimo herói "oldschool" que deu origem a inúmeros outros. Mas que sempre foi um problema de adaptar, principalmente depois dos filmes brilhantes de Richard Donner, com Christopher Reeve. Encaixar seu estilo na era moderna, assim como nas HQs, foi um problema ao longo dos anos. Quem dirá contrastando com o universo sombrio do Batman. Mas, por incrível que pareça, acho que desta vez acertaram a mão. O clima urbano de Metrópolis, com aquela coisa cinzenta. Diferente daquela coisa cheia de vida em Nova York, Times Square, etc. Além da ótima escolha do ator para a sua caracterização.
E já emendando, o elenco também fez bem a sua parte. Como já mencionei, Henry Cavill está sendo um ótimo Superman. Seu físico é o ideal para o papel, assim como consegue transmitir serenidade e ira. É um personagem imaturo, com defeitos, meio diferente do que estamos familiarizados. Mas é uma adaptação e um novo universo em meio a vários multiversos, então é totalmente compreensível. Assim como o Batman de Ben Affleck também tem suas diferenças em relação ao que estamos acostumados. Eu questionei a escolha dele para o papel, pois pra mim ele é uma espécie de Adam Sandler versão galã. Mas ele me surpreendeu, pois vi um Batman agressivo ao extremo, lembrando bastante a franquia de games Arkham. E até deixou dúvidas quanto a matar bandidos. O que talvez demonstre um desequilíbrio emocional, que está em evidência no filme. Mas vamos lembrar que ele é um Batman mais velho, calejado, com uniforme surrado e revoltado por tudo o que está acontecendo. Gostei dele tanto quanto gostei do Batman do Christian Bale. Quanto a Mulher-Maravilha, ela não tem grande participação. Mas quando aparece pra valer, definitivamente, rouba a cena. Já o Lex Luthor do Jesse Eisenberg não me agradou muito. Detestei a escolha dele para o papel. Sei que ele é um ótimo ator e correspondeu as expectativas da produção. Mas não gostei de sua caracterização. Assim como o Coringa de Jared Leto, do esperado Esquadrão Suicida.
A Trindade |
O filme não é perfeito. Tem sim algumas falhas, furos de roteiro e excesso de CGI (mas já esperava por isso, se tratando do Zack Snyder). Mas nem perto do que os críticos "especializados", e os maria vai com as outras, estão pregando por aí. Numa escala de 1 a 10, pode-se dizer que 2 é um número justo para representar a quantidade de falhas do filme. Não quero citar algum em particular, até porque pra isso terei que dar spoilers. Mas o que posso dizer é que muito disso vem da implicância com Zack Snyder, falta de bom senso e desinformação dos expectadores. O pior é que os críticos de adaptações de quadrinhos estão muito mais chatos que críticos de adaptações de livros. A diferença é que os críticos de adaptações de livros lêem os livros. Já os de HQs falam mal de algo que mal conhecem.
Não que eu ache que ler HQs seja obrigatório. Mas as pessoas precisam entender que heróis com 80 anos de existência têm muito mais informações do que lêem diáriamente em sites "resumão" como Legião de Heróis. Definitivamente, não podemos nos basear por matérias do tipo "10 coisas que precisamos saber sobre Batman". Um personagem como Batman tem mais de 75 anos de existência e já passou por muitos autores. Da Era de Ouro à Era Moderna, se viu muitos Batmans. É um multiverso. Não existe uma versão absoluta. Existe o que estamos mais acostumados. E BvS é um novo universo, e Snyder é mais um dos inúmeros autores que estão criando em cima disso. Resumindo, apesar de toda essa polêmica, más interpretações e por não ser 100% do meu agrado, acredito que o universo cinematográfico DC começou muito bem e está bastante consistente.
Trailer