Informações
Nome: Grayson
Editora: DC Comics
Roteiro: Tim Seeley, Tom King
Desenhos: Mikel Janin
Tipo de Série: Periódica
Ano de Lançamento: 2014
Total de Edições: 10 (com 1 anual e 1 especial "Fim dos Futuros")
Resenha
Sempre tive muita admiração pelo personagem Dick Grayson, tanto quanto o próprio Batman. Como Robin, Asa Noturna, e até como Batman, Dick sempre foi um personagem que manteve seus padrões em suas histórias. Ou seja, sem mudanças bruscas e radicais a ponto de deixar a desejar em determinado momento. E sempre tive um fraco por histórias de espionagem, de agentes secretos ou qualquer coisa do tipo. A junção disso com um personagem que eu sempre gostei muito, não poderia dar em coisa ruim (apesar de minhas dúvidas quanto ao andamento dos "Novos 52"). E aí vai um pouco, sem spoilers, do que achei dessa incrível história.
Como foi dito na sinopse, Asa Noturna foi "morto" após ser raptado pelo Sindicato do Crime na saga Mal Eterno. O que na verdade é uma história falsa, já que na verdade Dick Grayson não morreu. Vou tentar explicar melhor, sem dar muitos spoilers. Ao ser raptado pelo Sindicato do Crime, Asa Noturna teve sua verdadeira identidade revelada ao mundo. Logo após implantaram uma bomba relógio com alto poder de destruição em seu coração. Essa bomba atingiria parte da população, e só poderia ser desativada caso seus batimentos parassem. No fim deram um jeito de pararem seu coração, e logo depois o reanimaram em segredo. "Mas quem o salvou, Wagão?". Leia a HQ ou alguma matéria relacionada, pois se eu disser já seria um spoiler a mais!
Apenas os que o salvaram sabem que Dick ainda está vivo. Batman, um dos que sabem da verdade, descobre que uma pessoa de confiança disse à alguém da agência Spyral sua "verdadeira" identidade, graças a hipnose que a fez confessar. E assim, Batman acaba fazendo com que Dick aceite se infiltrar na agência Spyral para espionar o que eles estão tramando com isso. Dick é aceito pela Spyral, já que sua identidade foi revelada. Pois acham que suas habilidades podem ser úteis para seus propósitos, além de poderem ter controle sob Dick. Ao ser aceito, Dick é recebido por Helena Bertinelli (também conhecida como Caçadora) e recebe o nome de "Agente 37".
E assim Dick consegue descobrir que a Spyral, comandada por Mr. Minos, quer as identidades reais dos heróis da Liga da Justiça, além de coletar órgãos biônicos, que dão super poderes, implantados em diferentes pessoas pelo mundo para montar uma espécide de criatura indestrutível. Para assim combater a Liga da Justiça pelas suas raízes, já que sua ideologia é de que a "transparência" é o melhor para o mundo. Apesar da causa ter um certo senso moral, Dick percebe que terá que tomar medidas que jamais pensaria em tomar para completar seus objetivos pela Spyral. Matar é um delas, já que é algo que Dick jamais seria à favor, mas que talvez terá que superar nessa jornada.
Com Helena Bertinelli, Dick tem um misto de conflitos e romance. Dick, apesar de suas habilidades, é inexperiente como agente secreto e se limita demais quando se trata de agir friamente. Por outro lado, Helena é uma agente muito superior à Dick, devido à sua experiência, e às vezes o faz passar por certas humilhações para mostrar o porquê é chamada de "Matrona". Mas sabe como é né... Dick (o nome já diz) já pegou meio universo DC, e não seria dessa vez que ele não passaria o rodo. Mas, ao todo, Dick sempre supera qualquer ocasião com suas habilidades de combate inquestionáveis, além de seu intelecto investigativo que o faz um detetive tão bom quanto o próprio Batman.
E por falar em Batman, ele participa muito pouco dessa HQ. Já que Dick está, mais do que nunca, bastante independente do morcegão. Apenas o alertando de suas descobertas. Isso, obviamente, em segredo, já que Dick está infiltrado na Spyral. O que tem seus momentos de tensão, mas também de descontração, já que Dick é um dos poucos que conseguem fisgar um bom humor do Batman.
Com Mr. Minos a tensão é intensa. Por mais que ele pareça um personagem sereno, ele esconde seu rosto por traz de uma poderosa hipnose que nem mesmo os agentes da Spyral conseguem enxergar. O que é muito suspeito vindo de alguém que quer a "transparência" para o bem do mundo. Misterio é a palavra que resume a relação entre Mr. Minos e Dick. A Spyral também conta com a Dra. Frau Netz, que é responsável pelos procedimentos cirúrgicos de extrassão dos órgãos biônicos dos portadores, além de responsável pela medicina geral. E o Agente 1, The Tiger, que também é muito importante na trama. Porém, Dick tem relações um pouco mais superficiais com ambos os personagens.
Uma coisa que me chamou atenção foi sobre o conflito que Dick terá com o anti-herói da extinta Wildstom, Meia-Noite. Pra quem não conhece, Meia-Noite é uma espécie de Batman do universo Wildstorm. Porém passou por experimentos científicos que o fizeram possuir o poder de prever e probabilizar suas batalhas. Ou seja, o cara foi feito para vencer, nada mais que isso. Outro detalhe, não tão importante, é que Meia-Noite é gay e tem um relacionamento com Apollo, que é tipo o Superman da Wildstom. Apesar do Meia-Noite parecer ser um grande inimigo de Dick nessa história, é tudo apenas uma questão de sobrevivência e interpretação. Já que um não sabe dos reais propósitos do outro. O que eles sabem é que ambos trabalham em organizações diferentes que buscam pelas mesmas coisas. Porém, com propósitos opostos.
Tim Seeley e Tom King são os roteiristas dessa aventura. Ambos formaram uma bela dupla, já que na HQ se vê de tudo um pouco. Desde tensão, drama, até humor (com direito a trocadilhos com "Dick") e romances. Tudo muito bem elaborado e natural. O fato curioso é que King foi um agente da CIA pela divisão contra-terrorismo e tem muita experiência sobre esse tipo de assunto. Já a arte ficou por conta de Mikel Janin, que fez um trabalho de encher os olhos. Com um estilo bem diferenciado, psicodélico, e sem exageros físicos que costumamos ver em HQs. Captando muita vida nos movimentos e expressões dos personagens, e pegando elementos das culturas dos diversos lugares visitados por Dick, parecendo ser um universo à parte do restante das histórias atuais da DC.
Finalizando, Grayson é uma bela obra de arte como não se vê a bastante tempo, se tratando de quadrinhos. Com uma trama genial, é uma HQ cheia de ação, violência, humor, revelações e reviravoltas. É gostosa de ler e linda ver. Sem dúvida alguma, merece um belo encadernado!